Os desafios para o novo ano

O ano de 2020 foi marcado por profundas adversidades para toda a sociedade, mas, principalmente, para os mais pobres. Não bastasse um governo federal descomprometido com as causas sociais e trabalhistas, uma pandemia do novo coronavírus tornou-se uma situação ainda mais dramática.

A descoordenação das políticas públicas do governo — definidas pelo absoluto descaso às medidas protetivas; pelas políticas sanitárias responsáveis ​​pelos governadores e prefeitos; pelos recorrentes e espantosos deboches do presidente com a crise; e pela irresponsabilidade com a situação econômica e com a geração de empregos — levou o país à ignomínia segunda posição em número de mortos no mundo, à taxa recorde de 14% de desemprego e à crescente alta inflacionária dos alimentos.

Na contramão da onda negacionista que contaminou o Planalto, as centrais sindicais e suas entidades de base atuaram intensamente para reforçar entre os trabalhadores como medidas de proteção sanitária, colocaram sua estrutura à disposição dos governos locais para o uso pela saúde, mobilizaram campanhas de solidariedade pública e, sobretudo, lutaram para amenizar o peso da crise econômica sobre os trabalhadores.

Em interlocução contínua com o Congresso, partidos políticos, entidades, associações e movimentos sociais propusemos as bases através das quais foi elaborado o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda, com o auxílio de R$ 600 mensais. Este foi o ponto chave da economia em 2020, que evitou que o país implodisse na calamidade projetada pelo desgoverno.

Para o ano de 2021, com o possível fim do pacote emergencial e do auxílio, mesmo com a continuidade da pandemia, a previsão é sombria.

Mas, assim como de forma surpreendente a catástrofe pôde ser amenizada e, em alguns aspectos, controlados, se medidas corretas antes de adotadas acreditamos que será possível fazer de 2021 um ano de superação.

Duas medidas são urgentes para superar esta fase crítica que o país atravessa. São elas: 1 – realizar rapidamente uma campanha nacional de vacinação, mantendo, ao longo do processo, as medidas sanitárias indicadas pela OMS; e 2 – renovar o auxílio emergencial até o controle da pandemia. Não faz sentido abolir esse recurso, uma vez que o vírus ainda oferece uma ameaça à população. Mais do que isso, o governo precisa aperfeiçoar e ampliar a política de proteção de renda do Bolsa Família, articulada às demais políticas de proteção social que o país já dispõe.

Atravessada esta fase, a nação brasileira precisa centrar moldura no debate sobre a base de um projeto nacional de desenvolvimento, com padrão adequado de investimento público e privado, geração de empregos de qualidade, manutenção e ampliação dos direitos sociais e trabalhistas e valorização dos salários.

Para tanto, consideramos essencial reconhecer o sistema sindical, fortalecendo o poder das coletivas realizadas por entidades altamente representativas e capazes de dar solução aos conflitos e, assim, valorizar os trabalhadores e suas famílias.

As sindicais compreendem que devem atuar para a mobilização dos trabalhadores em torno de projetos sociais para avançar em lutas orientadas pela solidariedade, justiça e liberdade.

Que venha 2021. Vamos à luta!

Sérgio Nobre
Presidente da CUT

Miguel Torres
Presidente da Força Sindical

Ricardo Patah
Presidente da UGT

Adilson Araújo
Presidente da CTB

José Calixto Ramos
Presidente da NCST

Antonio Neto
Presidente da CSB